O livro A New Culture of Learning: Cultivating the Imagination for a World of Constant Change, dos autores DouglasThomas e John Seely Brown nos auxilia a compreender as profundas mudanças trazidas pela tecnologias digitais, mas não se trata de um livro sobre reforma do ensino e sim de como as pessoas estão aprendendo quando mudam a forma de questionar as coisas.
“The book is a short, clear and profound—all wonderful qualities in a book. Just as in management where we need to make a fundamental shift from push to pull, so in education, the book shows why we need to make a shift from teaching to learning and how to go about it”. (Forbes)
Tradução:
“O livro é curto, claro e profundo – todas as maravilhosas qualidades de um livro. Assim como na administração, onde precisamos fazer uma mudança fundamental de empurrar para puxar, assim na educação, o livro mostra por que precisamos mudar o ensino para o aprendizado e como fazê-lo”.
Os autores iniciam o assunto com três conceitos-chave que caracterizam o nosso mundo atual:
Mudanças contínuas
Conectividade onipresente
Acesso ilimitado a variados recursos do conhecimento
O tipo de aprendizado que define o nosso século XXI acontece sem livros, professores ou salas de aula. A maciça rede web oferece acesso ilimitado que nos permite aprender sobre qualquer coisa que queiramos.
Entre a cultura do ambiente e a cultura mecanicista podemos destacar que a aprendizagem mecanicista se concentra na eficiência, onde precisa se aprender o máximo que puder o mais rápido possível, valorizada pelo resultado final.
No entanto, Douglas e John acreditam que o aprendizado precise ser encarado como uma cultura de ambiente, com uma rede que disponibilize uma vasta gama de informações e recursos na qual as fronteiras sejam catalisadoras para a inovação e não limites para prender ou conter.
A variedade de locais (daí o nome cultura do ambiente) irá aumentar e complementar os que já existem, mas não substituí-los exatamente, ou seja, essa nova cultura de aprendizagem focará no envolvimento das pessoas com o mundo em uma ampliação de possibilidades. No primeiro caso, a cultura é o ambiente, enquanto que no segundo caso, a cultura emerge a partir do ambiente e cresce com ele.
O século XXI é uma época marcada pela aceitação das mudanças e não por lutas contra elas, uma época na qual devemos enxergar o futuro como um conjunto de novas possibilidades, e não algo que nos obriga a mudar. Os autores usam como exemplo a Wikipédia, que nos mostra que manter o conhecimento estável é algo impossível.
O conhecimento está a todo o momento sendo complementado, redescoberto, atualizado. Não se fala mais em verdade, mas em um conhecimento construído coletivamente, sob o jugo de verdades que juntas formam a compreensão de algo que está em constante evolução.
Essas mudanças exigem de nós uma nova prática de leitura, trata-se de deduzir coisas a partir de todo o conhecimento que vai se formando em nós. Não precisamos mais de alguém que nos diga, é isso e pronto! Hoje o conhecimento coletivo, peer-to-peer, torna a aprendizagem mais fácil, com maior participação, interação, envolvimento ativo e compartilhamento, inutilizando as formas tradicionais de ensino-aprendizagem, incapazes de acompanhar a evolução tecnológica.
A discussão sobre público e privado também mudou, para Aristóteles a Retórica era vista como um discurso para as massas (público), enquanto que o estudo da Filosofia era considerado um assunto pessoal (privado). Mas Douglas e John acreditam que essa explicação não é adequada para se distinguir esses dois elementos e propõe um entrelaçamento entre coletivo e privado. “O modelo de sala de aula não tem como medir ou avaliar coletivos”.
Vejamos os blogs como exemplo, eles surgiram na intenção de compartilhar informações em comum e promoverem a conversa entre as pessoas. Baseados em duas características: os comentários dos leitores e o compartilhamento de links externos.
As novas tecnologias nos permitem aproveitar o conhecimento coletivo disponibilizado na rede. Um conhecimento intensamente ampliado e o contato com pessoas do mundo todo, sem que precisemos conhecê-las pessoalmente. Podemos usufruir, produzir e publicar, tornar compartilhável, aprender com as experiências dos outros e entender finalmente que errar é muito importante.
John Seely Brown é co-presidente independente do Center for the Edge da Deloitte e professor visitante e conselheiro do Reitor da University of Southern California (USC). Antes disso, ele foi o cientista chefe da Xerox Corporation e diretor do Centro de Pesquisas de Palo Alto (PARC) – cargo que ocupou até junho de 2000. Douglas Thomas é professor associado da Escola Annenberg de Comunicação e Jornalismo da Universidade do Sul da Califórnia. Sua pesquisa se concentra nas interseções de tecnologia e cultura.
*Conteúdo publicado originalmente pela autora no Projeto Inovaeduca.
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