Tive a imensa oportunidade de participar de uma Oficina de Design Thinking para Bibliotecas, com a Adriana Maria de Sousa, Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo, Bibliotecária e Coach.
Eu já havia feito outra oficina do tipo e tido a disciplina no curso de Arquitetura de Informação, no entanto, ainda não me sentia apta a aplicar na prática. Parece que alguns professores supervalorizam o conhecimento como se fosse algo sagrado, pra ser apenas observado e contemplado, e consideram uma ousadia tentar aplicar (mesmo sem perceber), principalmente pelos jovens ou iniciantes.
Adriana comenta:
“tem gente que não acredita no quanto é simples trabalhar com Design Thinking, e acabam complicando…” Verdade Adriana!
Outro erro muito comum comentado pela professora e que muitos pensam ser verdade é que o Design Thinking foi feito somente pra quem tem dinheiro, recursos, pra quem está fora do Brasil, enfim, não é nada disso. O Design Thinking foi pensado justamente pra quem não tem recursos, pra quem quer ultrapassar as restrições que se multiplicam em todos os contextos da nossa vida. É justamente uma forma de se poder trabalhar e realizar apesar delas.
Pois eu digo, depois dessa oficina, que aconteceu no Unifai, na aula de Pós-Graduação em Arquitetura de Informação sob a coordenação da Professora Maria Cristina Palhares, me sinto com mais confiança e entendimento, acredito que agora entendi o espirito da coisa. Isso mesmo, espírito, alma, emoção, é algo pra ser feito com paixão, com entusiasmo, algo que deverá quebrar padrões, trazer o novo, trabalhar com a criatividade, provocar outras áreas de nosso cérebro a fazer as coisas de uma forma diferente.
Design Thinking é pra quem quer ver a mudança acontecer JÁ!
Um kit de ferramentas para Design Thinking
A oficina ministrada pela Adriana é baseada no livro “DESIGN THINKING PARA BIBLIOTECAS – UM TOOLKIT PARA DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO“, um toolkit traduzido para o português com a finalidade de auxiliar aqueles que atuam em todo tipo de bibliotecas e enfrentam desafios e restrições diariamente enquanto tentam alcançarem seus objetivos.
O toolkit (conjunto de ferramentas) traz o processo completo para aplicar a abordagem do Design Thinking, indicando passo-a-passo (step by step, como os americanos gostam de dizer) de como aplicar.
Esse material criado pela empresa de Design e Consultoria em Inovação IDEO com o patrocínio da Fundação Bill & Melinda Gates (sim, sim, o tio Bill Gates, ele mesmo!). A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições – FEBAB entendeu que esse material era importantíssimo e tratou logo de ir atrás de todas as autorizações devidas para fazer sua tradução para o português.
Essa tradução foi feita justamente pela Adriana Maria de Sousa e contou com a revisão da feríssima Paula Azevedo Macedo, que atua como Estrategista em UX na Embraer, além do apoio do Instituto de Políticas Relacionais. O projeto contou com o apoio e o trabalho de mais pessoas, é claro, todas super engajadas em trazer esse conhecimento para os profissionais bibliotecários brasileiros. Nós, só temos a agradecer!
O que é o Design Thinking?
Tem gente que chama de metodologia, tem gente que diz que trata-se de um conjunto de metodologias ou ainda de abordagem. O importante mesmo é entender, de onde veio, o que é e como aplicar. Durante a oficina a turma chegou a seguinte conclusão sobre o seu significado:
Modo de pensar
Pensar a partir de uma inspiração
Desenho do pensamento
Processo de criação
Uma forma de trabalhar a criatividade
Uma metodologia ágil (muita gente confunde, mas não é rs. É que o Design Thinking acelera as coisas mesmo...)
Design Thinking é sinônimo de escuta ativa, de liderança com empatia e zero de julgamento. Escutar o outro ativamente é demonstrar interesse genuino, mais do que isso, é realmente ouvir com atenção, filtrando os inúmeros julgamentos que possam aparecer na sua mente.
É deixar que os outros terminem seus pensamentos, é tentar entender o que o outro disse no contexto dele, não a partir do seu somente. Só ai teríamos que ter outra oficina, eu acho! Neh?
Como aplicar Design Thinking?
Inicie o processo apenas com aqueles que realmente querem participar. Comece pequeno, aos poucos os outros irão aderir ou abandonar o barco, o que é absolutamente normal. Não se pode forçar ninguém a trabalhar nesse processo.
1º INPIRAÇÃO: Pense em uma motivação, uma inspiração ou ainda uma dor ou problema que se queira resolver. Peça para que a equipe da Biblioteca se reuna e que cada um exponha uma dor a qual enfrentem no trabalho (processos difíceis, sistemas desatualizados, dificuldade para lidar com o orçamento baixo, poucos usuários frequentadores, acervo mal cuidado, falta de plano de carreira, etc, etc).
Cada membro deve falar sobre a sua dor durante um tempo determinado, por exemplo, durante cinco minutos. Os demais devem apenas escutar ativamente e podem escrever o que entenderam, como se identificaram, etc.
2º IDEAÇÃO: Agora, anotem as ideias enquanto conversam sobre as dores que foram mencionadas e tudo o que foi anotado por vocês. Não foquem em soluções (somente), pensem em ideias…
3º ITERAÇÃO: Momento de escolher qual o problema no qual a equipe vai atuar, de fazer brainstorming, de trocar, de tentar dar forma ao problema, de e formular uma pergunta focal. Exemplo: “Como podemo amenizar o desconforto causado pelo frio aos moradores de rua da capital de São paulo”. O importante é prestar atenção para não colocar a resposta na própria pergunta.
Nessa etapa do processo a equipe deve apresentar a pergunta para outras pessoas e anotar as reações e comentários que irão surgir. A equipe que apresenta a pergunta não pode falar nem reagir, apenas ouvir. Não é pra virar um debate hein?
4º ESCALANDO: Esse momento é bem dinâmico, é hora de colocar a mão na massa e prototipar a ideia ou ideias escolhidas durante toda a interação que aconteceu. Você deve utilizar papel, canetas e lápis coloridos, construa um produto, o famoso MVP ( Minimum Viable Product) e teste!
Se falhar será a partir do mínimo custo e você vai aprender muito para conseguir criar a solução final baseando-se em experiências diretas.
“Errar não tem problema, desde que gere um conhecimento que pode ser aplicado para melhorar a sua empresa e acelerá-la na direção positiva”. Bel Pesce em A Menina do Vale.
O MVP é a versão de um produto ou de uma solução, serviço, enfim, que permite agregar muito aprendizado a partir de testes e validações reais utilizando-se pouco esforço e poucos recursos. Durante essa validação você pode perceber que o ideal é ir por um caminho diferente do que pensou no início do processo. Ao final dos testes você terá vários dados e informações reunidas que lhe permitirão tirar importantes conclusões.
“É muito melhor usar protótipos simples e rápidos para testar as hipóteses, pois se os resultados não forem o esperado, é fácil e barato mudar de rumo”. Bel Pesce em A Menina do Vale.
E então, vamos fazer acontecer?
Materiais sugeridos:
Manual de atividades (de preferência 1 por pessoa)
Papéis em branco, coloridos ou cadernos
Canetas ou lápis de diversas cores
Post-it coloridos
Relógio ou algo para marcar o tempo
Oficina de Design Thinking para Bibliotecas, no UNIFAI, com as professoras Maria Cristina Palhares e Adriana Maria de Sousa – 06/07/2019 – Turma de Pós-Graduação em Arquitetura de Informação.
Um pouco mais sobre a Adriana:
Especialista em Gerência de Sistemas e Serviços de Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2003). Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2000).
Atua como coach, consultora e é docente do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Tem experiência na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, com ênfase em Serviços de Informação (atendimento ao cliente, SRI, capacitação de equipes), Tratamento da Informação, Coaching (carreira e liderança).
Show né? Se curtiu, não deixe de conhecer a origem dessa metodologia neste artigo "O que é Design Thinking".
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